Não é admissível, que de cada vez que haja crise ou alguma alteração de modelo na fábrica, que os trabalhadores sejam chantageados de verem perdidos os seus postos de trabalho, quer seja por concorrência de países onde a mão-de-obra é mais barata ou para garantir a produção e os postos de trabalho na Alemanha.
Não nos podemos esquecer que a VW é uma empresa Alemã e por muito que nos possa custar a compreender, como Portugueses, não será difícil para qualquer Administração da VW justificar o encerramento de uma unidade em Portugal (mesmo sendo uma das melhores que o grupo detém) para manter postos de trabalho e produção na Alemanha. Esta é a realidade! Esta é a razão da importância de haver empresas de capital nacional. Não podemos esperar benevolência, esmolas ou mesmo compreensão. Se a deslocalização for resolver um problema na Alemanha... temos um problema grande em mãos. Infelizmente, para nós, a realidade é esta!
Os capitais são estrangeiros e se houver necessidade de reduzir capacidade, as unidades que estão fora do país de origem serão as que serão descartadas em primeiro lugar. Convém referir que a VW é detida (cerca de 20%) pelo governo da Baixa-Saxónia, área de onde é originária, e onde tem várias unidades fabris, Hannover, Emden, Braunschweig e a sede Wolfsburg.
Dada a importância da AutoEuropa para o país e para o distrito de Setúbal esta situação tem de ser acompanhada ao mais alto nível governamental, mas não cedendo a chantagens!
Relativamente aos, infelizes, comentários do Belmiro de Azevedo, que afirma que os trabalhadores devem aceitar (tudo o que a entidade empregadora dita) pois há mais quem queira trabalhar e por menos dinheiro, demonstra bem como pensa a classe empresarial.
A relação entre trabalhador/empregador tem de ser uma relação de ganho mútuo. O empresário não pode esperar o mesmo rendimento e a mesma atitude de um trabalhador que trabalha sem folgas, que deixa a familia sem se sentir devidamente retribuido.
Deslocalizar a produção total ou parcial da AutoEuropa para a Alemanha não baixa o custo dos veículos, apenas garante o emprego aos alemães e permite utilizar a capacidade já aí instalada.
Espero que Governo, Comissão de Trabalhadores e todas as entidades envolvidas consigam manter a produção em Portugal. A AutoEuropa é muito importante e estes sinais e ameaças devem ser encarados de forma muito séria e responsável!